Passamos por diversas estâncias, mas muito distanciadas umas das outras,no lado paraguaio. Campeiros quase todos indiáticos de estatura alta,que moravam em casas simples, de grandes varandas, onde estendiam suas redes e saboreavam seu tererê.Muito retraídos no inicio, mas depois dos primeiros contatos conversavam conosco, trocando idéias sobre cavalos,arreios,usos e costumes do campeiro paraguaio e do campeiro gaúcho, que muito se assemelham. Lembro-me que um dia entrei num galpão de serviço,onde exalava um cheiro agradável. De pronto não dei conta, só entendi de onde vinha quando olhei para cima e observei que tinha uma espécie de couro cortado,que tomava todo o espaço em baixo do telhado. Perguntei ao paraguaio que me acompanhava e Le me disse que era charque de tira,muito utilizado para alimentação dos peões que o usavam para fazer arroz carreteiro,colocar no feijão ou mesmo para assar. O nosso veterinário Felix Corti vinha observando o cavalo que eu montava desde a saída de Alegrete. Era um crioulo colorado retacado e alto,cuja estampa não era das melhores,tanto que,quando o escolhi eu já não tinha muita opção pois a turma já tinha separado os melhores, mas eu gostei e me dei muito bem com ele, passei a chama-lo de colorado,meio a contra gosto,porque sou gremista.O Felix me disse estou observando o comportamento dele e do rosilho do Nico para testar a resitência sem sacrifica-los. Não troque de cavalo sem falar comigo, vou dizer o mesmo ao Nico. Quando faltava mais ou menos 100 quilometros para chegarmos em Assunção,o fim da nossa viagem, o meu cavalo começou a demonstrar alguns sinais de fafiga e o veterinário pediu para troca-lo, montei então um lobuno em parceria com o Talai,mas para chegada na capital paraguaia encilhei de novo o colorado já recuperado e dele me despedi emocionado no fim da cavalgada, o rosilho do Nico agüentou firme e fez todo o trajeto. Quando estávamos passando na ponte do rio aguapey,com muita chuva e frio, todos emponchados, cruzou por nos um caminhão, que o meu chapéu levantou vôo e se foi para dentro do rio. O nosso saudoso companheiro Leopoldo Rassier não titubeou, tirou o poncho e a roupa,ficando apenas de cueca e lenço,jogando-se no rio,muito alto por causa da enchente e saiu nadando até alcançar meu chapéu. Retornou a ponte onde todos nos o aguardávamos aflitos,com o chapéu na mão e tremendo de frio como vara verde. Tivemos uma reação quase unânime, tiramos nossos ponchos para cobri-lo. Em seguida depois de alguns tragos de canha,que sempre se levava no cantil o índio velho se animou e foi aplaudido por todos. O chapéu com um pequeno histórico esta hoje no museu do 35 CTG. Antes de chegarmos em assunção,na última noite de acampamento,fomos visitados pela Consul do Paraguai em Porto Alegre.Ela conversou descontraidamente com a turma,mostrando-se encantada com a nossa façanha. Logo se armou uma tertúlia e rolou canto e poesia.espantando a tristeza que se instalava no grupo por estar se chegando ao fim da viagem. Ao chegarmos na entrada da capital paraguaia rumamos para a sede da Associação Rural,onde deveríamos deixar os cavalos. Tivemos uma surpresa agradável,estavam nos esperando um grupo de 40 pessoas do 35 CTG, juntou-se a emoção por recebermos nossos amigos, com outra emoção mais forte ainda que foi a despedida dos nossos cavalos que deveriam permanecer em solo paraguaio face a legislação daquele pais. Vi lagrimas escorrendo na face de muitos amigos que procuravam disfarçar o forte sentimento que estavam vivendo.Participaram desta 1ª cavalgada Antonio Augusto Fagundes; Rodi Pedro Borghetti; Aldo Lazarotto; Bruno de Souza Leão; Carlos Alberto Bins; Cyro Dutra Ferreira; Domerio de Avila Camargo; Doroteo Fagundes; Edemar Correa; Elton Saldanha; Felix Corti; João de Oliveira Machado; José Bastos de Quadros; José Floriano Magalhães; José Roberto de Moraes; Leopoldo Rassier; Mario Scopel; Mauricio Oliveira Pegas; Mena Quevedo; Moacyr de Paula e Silva; Newton Rodrigues; Omair Trindade; Paulo Ari Flores; Regis Druck; Rafael Nunes Dutra; Romeu Romualdo Beskon; Talai Djalma Selistre; Wilmar Romeira; Waldemar Alchieri e Waldir Santana.
segunda-feira, 12 de março de 2012
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